domingo, 16 de outubro de 2016

Desmentida a versão oficial da Guarda Civil sobre um «confronto de bar» em Altsasu

Duas pessoas foram presas, ontem, acusadas de terem participado numa luta com dois guardas civis e suas acompanhantes na madrugada de sábado, em Altsasu (Nafarroa). A Guarda Civil - e, com ela, aquilo a que se chama mass me(r)dia - fala de um «linchamento», de 50 radicais contra os agentes. Ontem ao final do dia, numa assembleia informativa em Altsasu, denunciou-se a manipulação dos acontecimentos e afirmou-se que se tratou de um «confronto num bar», provocado pelos agentes. A Polícia Foral carregou à entrada da esquadra contra quem exigia a libertação dos detidos.

Os factos ocorreram nas imediações de um bar por volta das cinco da madrugada. De acordo com a Guarda Civil, dois agentes, um tenente e um sargento, que estavam com as suas companheiras, foram insultados e posteriormente agredidos por um grupo de pessoas ao serem reconhecidos como membros da instituição armada. O ahotsa.info conseguiu apurar que, se é verdade que os guardas civis foram insultados e que lhes foi pedido que saíssem do bar, não houve um «linchamento», como afirma alguma comunicação social, que diz que umas 50 pessoas se juntaram para dar uma malha aos militares espanhóis ou que lhes preparam uma «emboscada».

Os agentes solicitaram a intervenção da Polícia Foral, que foi quem efectuou as duas detenções. Uma delas ocorreu nas imediações do bar, mas o detido não esteve envolvido no confronto, informou a assembleia popular realizada ontem em Altsasu, que foi vigiada de perto por dezenas de guardas civis equipados com material anti-motim. A segunda detenção ocorreu após uma carga da Polícia Foral à entrada da esquadra contra quem ali foi pedir explicações sobre a primeira detenção. Várias pessoas foram identificadas e há vários feridos.

Guarda Civil: repressão constante em Altsasu
O movimento Ospa [Baza], de Altsasu, salientou que, ao analisar os factos ocorridos, não se pode pôr de parte «a situação de repressão» que se vive na localidade, e recordou que a violência policial é ali quotidiana, nomeadamente através de ameaças, agressões e controlos de estrada. Numa nota, lembra-se que é habitual a presença de agentes à paisana em espaços de ócio, e refere-se o facto de no último Ospa Eguna [Dia do Baza], celebrado em Altsasu, vários agentes terem sido expulsos dos concertos.

Agentes bêbados ameaçaram quem estava
O Ospa afirma que a atitude dos guardas civis, «bêbados», foi provocadora, e que, «abrigados pela impunidade com que contam nos nossos espaços», empurraram e ameaçaram os presentes com frases como «vou-te matar» ou «vou dar-te um tiro na cabeça», e que isto levou «ao que se seguiu», que não foi nenhuma «emboscada», sublinha.

Em Altsasu, vacinados para a mass merdia
Criticando os órgãos de comunicação social e as instituições por terem dado crédito à versão da Guarda Civil, o Ospa afirma que em Altsasu «estão bem vacinados para situações como esta, pois foram muitas as vezes em que a comunicação social recorreu à manipulação e à tergiversação para sujar o nome desta terra». E pediu à Guarda Civil que se vá embora de Altsasu, do Vale de Sakana e de Euskal Herria. / Ver: ahotsa.info / Ver tb: comunicado do Ospa mugimendua (BorrokaGaraiaDa)